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H2C, ou **http2 sobre texto não criptografado**, se desvia da norma de conexões HTTP transitórias, atualizando uma conexão HTTP padrão para uma persistente. Essa conexão atualizada utiliza o protocolo binário http2 para comunicação contínua, em oposição à natureza de única solicitação do HTTP em texto simples.
A essência do problema de smuggling surge com o uso de um **proxy reverso**. Normalmente, o proxy reverso processa e encaminha solicitações HTTP para o backend, retornando a resposta do backend depois disso. No entanto, quando o cabeçalho `Connection: Upgrade` está presente em uma solicitação HTTP (comumente visto com conexões websocket), o **proxy reverso mantém uma conexão persistente** entre cliente e servidor, facilitando a troca contínua necessária por certos protocolos. Para conexões H2C, a conformidade com o RFC exige a presença de três cabeçalhos específicos:
A vulnerabilidade surge quando, após a atualização de uma conexão, o proxy reverso deixa de gerenciar solicitações individuais, assumindo que seu trabalho de roteamento está completo após o estabelecimento da conexão. A exploração do H2C Smuggling permite a circunvenção das regras do proxy reverso aplicadas durante o processamento da solicitação, como roteamento baseado em caminho, autenticação e processamento de WAF, assumindo que uma conexão H2C seja iniciada com sucesso.
A vulnerabilidade depende do tratamento pelo proxy reverso dos cabeçalhos `Upgrade` e, às vezes, `Connection`. Os seguintes proxies encaminham esses cabeçalhos durante o proxy-pass, permitindo assim o H2C smuggling:
Por outro lado, esses serviços não encaminham esses cabeçalhos durante o proxy-pass. No entanto, eles podem ser configurados de forma insegura, permitindo o encaminhamento não filtrado dos cabeçalhos `Upgrade` e `Connection`:
É crucial observar que nem todos os servidores encaminham os cabeçalhos necessários para uma atualização de conexão H2C compatível. Portanto, servidores como AWS ALB/CLB, NGINX e Apache Traffic Server, entre outros, naturalmente bloqueiam conexões H2C. No entanto, vale a pena testar com a variante não compatível `Connection: Upgrade`, que exclui o valor `HTTP2-Settings` do cabeçalho `Connection`, pois alguns backends podem não estar em conformidade com os padrões.
Independentemente do **caminho** específico designado na URL `proxy_pass` (por exemplo, `http://backend:9999/socket.io`), a conexão estabelecida é padrão para `http://backend:9999`. Isso permite a interação com qualquer caminho dentro desse endpoint interno, aproveitando essa técnica. Portanto, a especificação de um caminho na URL `proxy_pass` não restringe o acesso.
As ferramentas [**h2csmuggler da BishopFox**](https://github.com/BishopFox/h2csmuggler) e [**h2csmuggler da assetnote**](https://github.com/assetnote/h2csmuggler) facilitam as tentativas de **circunvenção de proteções impostas pelo proxy** ao estabelecer uma conexão H2C, permitindo assim o acesso a recursos protegidos pelo proxy.
Para obter informações adicionais sobre essa vulnerabilidade, especialmente em relação ao NGINX, consulte [**este recurso detalhado**](../network-services-pentesting/pentesting-web/nginx.md#proxy\_set\_header-upgrade-and-connection).
O Websocket smuggling, ao contrário da criação de um túnel HTTP2 para um endpoint acessível por meio de um proxy, estabelece um túnel Websocket para contornar possíveis limitações do proxy e facilitar a comunicação direta com o endpoint.
Neste cenário, um backend que oferece uma API Websocket pública ao lado de uma API REST interna inacessível é alvo de um cliente malicioso em busca de acesso à API REST interna. O ataque se desenrola em várias etapas:
1. O cliente inicia enviando uma solicitação de Upgrade para o proxy reverso com uma versão de protocolo `Sec-WebSocket-Version` incorreta no cabeçalho. O proxy, falhando em validar o cabeçalho `Sec-WebSocket-Version`, considera a solicitação de Upgrade válida e a encaminha para o backend.
2. O backend responde com um código de status `426`, indicando a versão de protocolo incorreta no cabeçalho `Sec-WebSocket-Version`. O proxy reverso, ignorando o status de resposta do backend, assume prontidão para a comunicação Websocket e repassa a resposta ao cliente.
3. Consequentemente, o proxy reverso é enganado a acreditar que uma conexão Websocket foi estabelecida entre o cliente e o backend, enquanto na realidade, o backend rejeitou a solicitação de Upgrade. Apesar disso, o proxy mantém uma conexão TCP ou TLS aberta entre o cliente e o backend, permitindo ao cliente acesso irrestrito à API REST privada por meio dessa conexão.
Os proxies reversos afetados incluem o Varnish, que se recusou a abordar o problema, e o proxy Envoy na versão 1.8.0 ou mais antiga, com versões posteriores tendo alterado o mecanismo de atualização. Outros proxies também podem ser suscetíveis.
Este cenário envolve um backend com uma API Websocket pública e uma API REST pública para verificação de saúde, juntamente com uma API REST interna inacessível. O ataque, mais complexo, envolve as seguintes etapas:
1. O cliente envia uma solicitação POST para acionar a API de verificação de saúde, incluindo um cabeçalho HTTP adicional `Upgrade: websocket`. O NGINX, atuando como proxy reverso, interpreta isso como uma solicitação de Upgrade padrão com base apenas no cabeçalho `Upgrade`, ignorando os outros aspectos da solicitação, e a encaminha para o backend.
2. O backend executa a API de verificação de saúde, alcançando um recurso externo controlado pelo atacante que retorna uma resposta HTTP com o código de status `101`. Essa resposta, uma vez recebida pelo backend e encaminhada para o NGINX, engana o proxy a pensar que uma conexão Websocket foi estabelecida devido à validação apenas do código de status.
Por fim, o NGINX é enganado a acreditar que uma conexão Websocket existe entre o cliente e o backend. Na realidade, essa conexão não existe; a API REST de verificação de saúde era o alvo. No entanto, o proxy reverso mantém a conexão aberta, permitindo ao cliente acessar a API REST privada por meio dela.
A maioria dos proxies reversos é vulnerável a esse cenário, mas a exploração depende da presença de uma vulnerabilidade externa SSRF, geralmente considerada um problema de baixa gravidade.
Verifique os laboratórios para testar ambos os cenários em [https://github.com/0ang3el/websocket-smuggle.git](https://github.com/0ang3el/websocket-smuggle.git)
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